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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A SENZALA MODERNA



Hoje é comemorado o Dia da Consciência Negra. Nas redes sociais, internautas estão sugerindo a mudança do nome para o dia da Consciência Humana. Ainda não podemos comemorar o dia da Consciência Humana com tantos atos desumanos praticados contra os negros neste país. O destaque a data ainda é preciso ser feito. Infelizmente, os negros ainda são tratados com inferioridade por uma minoria que se acha acima de tudo e de todos, quando não sofrem racismo ou injúria diretamente, sofrem um preconceito velado.

Um dia desses, a rádio CBN discutia o racismo. Uma ouvinte entrou no ar e disse que a filha namorava um negro e ela o aceitava sem nenhum problema, mesmo ele sendo negro. Bem assim, com essas palavras. Questionada pelo final da frase, a mulher ficou sem graça e explicou que foi apenas modo de dizer. O racismo está no inconsciente das pessoas, não dizem ser preconceituosas, mas tratam os negros como um ser diferente, como se não fossem seres humanos iguais aos outros.

Volta e meia, injúria racial e atos racistas surgem à tona. Mesmo não sendo noticiados pela mídia, nas redes sociais eles ganham destaque. Por exemplo, em Brasília, a cliente de uma padaria numa discussão com uma atendente, proferiu as seguintes palavras: “ela queria me roubar. A negra queria me roubar”. Em outro caso, uma universitária da PUC-RS publicou no twitter: “Acabei de quase ser atropelada por um casal de negros. Depois vocês falam que é racismo né, mas TINHA QUE SER, né? E estavam num carro importado, certo que é roubado”.

Recentemente, com a missão de apurar o racismo no Brasil, o senegalês Doudou Diène, relator especial da Comissão de Direitos Humanos da ONU para as Formas Contemporâneas de Racismo e Discriminação ficou assustado com o que ouviu no país. Diène disse que o preconceito é cada vez maior em muitos países e que no Brasil ele está profundamente arraigado em toda a sociedade.

Infelizmente, em pleno século XXI, os negros ainda vivem na senzala, só que na moderna senzala brasileira. A sociedade finge não ser racista, a maioria finge que acredita e todo mundo vive como se nada tivesse acontecido. Quando uns não suportam usar mais a máscara, exalam todo o seu ódio racial pelos poros tão sujos quanto a sua própria mente vazia. 

Texto: Luciano Campello

https://www.facebook.com/luciano.lulla

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