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domingo, 22 de maio de 2011

MOLEQUE DO MORRO




O moleque sonha alto na sua última pegada. 
Pega forte, solta, viaja e relaxa.
De cima ele observa tudo.
O quão bonita é a cidade
que ele só pode desfrutar de cima daquele muro.
Afasta o fuzil pro canto
e começa a voltar ao passado.
Como era bom a sensação de ser livre,
poder andar sem guerra, sem medo, curtindo a liberdade.
Hoje, fica enclausurado no seu pequeno mundo.
Não anda, só desanda. Outro dia falou: vou mudar,
largar o fuzil e voltar a sorrir em paz,
sem grade interior, correndo
do mundo exterior e ajudar a família
que nunca o deixou sozinho naquele lugar.
Viu que não era fácil. O mesmo playboy
que comprou a droga dele no morro,
disse que o crime era seu destino
e pra ele só restava o fracasso.
O playboy morreu de overdose,
e naquela altura do campeonato, nem foi ele quem passou.
Agora está livre, faz faculdade
e ainda escreve os seu dilemas num pequeno blog.
Não esqueceu dos irmãos que ainda estão no morro.
Volta e meia ainda vai lá, dá uma palavra de apoio,
oferece ajuda, porque só quem esteve naquele lugar,
sabe que se depender do Estado, lá mesmo vai ficar.

Poeta das ruas: Luciano Campello

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Apenas um sonho...



O morro tá diferente.
O menor agora faz a contenção
para não deixar nenhuma criança
na escola faltar. O traficante
matou a guerra, vendi a paz e
dá tiro no preconceito sem medo
de dizer que é de lá. Não se ver
mais nas ruas fuzil, granada,
drogas e muito menos policial e
bandido batendo e matando gente inocente.
Todos se uniram pela paz.
Uma corrida foi realizada e ninguém faltou:
artista, policial, ex traficante
e até o governador. Os gritos não eram mais de dor.
Eram de alegria, agradecendo
a Deus pela paz que na favela reinou.
O gerente da boca cresceu e virou empresário.
Não vendi mais morte, vendi sonhos,
pão e leite na pequena padaria
que montou onde era o QG do tráfico.
O viciado que quase morreu
devendo a boca virou cantor,
graças a ajuda do hoje empresário
que tempos atrás o viciou. Opa!
O despertador tocou. Hora de levantar para trabalhar.
Infelizmente nada passou de um sonho,
é só abrir a janela e a dura realidade está lá. O que é que a?


Poeta das ruas: Luciano Campello