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domingo, 22 de maio de 2011

MOLEQUE DO MORRO




O moleque sonha alto na sua última pegada. 
Pega forte, solta, viaja e relaxa.
De cima ele observa tudo.
O quão bonita é a cidade
que ele só pode desfrutar de cima daquele muro.
Afasta o fuzil pro canto
e começa a voltar ao passado.
Como era bom a sensação de ser livre,
poder andar sem guerra, sem medo, curtindo a liberdade.
Hoje, fica enclausurado no seu pequeno mundo.
Não anda, só desanda. Outro dia falou: vou mudar,
largar o fuzil e voltar a sorrir em paz,
sem grade interior, correndo
do mundo exterior e ajudar a família
que nunca o deixou sozinho naquele lugar.
Viu que não era fácil. O mesmo playboy
que comprou a droga dele no morro,
disse que o crime era seu destino
e pra ele só restava o fracasso.
O playboy morreu de overdose,
e naquela altura do campeonato, nem foi ele quem passou.
Agora está livre, faz faculdade
e ainda escreve os seu dilemas num pequeno blog.
Não esqueceu dos irmãos que ainda estão no morro.
Volta e meia ainda vai lá, dá uma palavra de apoio,
oferece ajuda, porque só quem esteve naquele lugar,
sabe que se depender do Estado, lá mesmo vai ficar.

Poeta das ruas: Luciano Campello

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