Hoje é
comemorado o Dia da Consciência Negra. Nas redes sociais, internautas estão sugerindo
a mudança do nome para o dia da Consciência Humana. Ainda não podemos comemorar
o dia da Consciência Humana com tantos atos desumanos praticados contra os
negros neste país. O destaque a data ainda é preciso ser feito. Infelizmente,
os negros ainda são tratados com inferioridade por uma minoria que se acha
acima de tudo e de todos, quando não sofrem racismo ou injúria diretamente,
sofrem um preconceito velado.
Um dia desses, a rádio CBN discutia o racismo. Uma
ouvinte entrou no ar e disse que a filha namorava um negro e ela o aceitava sem
nenhum problema, mesmo ele sendo negro. Bem assim, com essas palavras. Questionada
pelo final da frase, a mulher ficou sem graça e explicou que foi apenas modo de
dizer. O racismo está no inconsciente das pessoas, não dizem ser preconceituosas,
mas tratam os negros como um ser diferente, como se não fossem seres humanos iguais
aos outros.
Volta e meia, injúria racial e atos racistas surgem à tona. Mesmo não sendo noticiados pela mídia, nas redes sociais eles
ganham destaque. Por exemplo, em Brasília, a cliente de uma padaria numa
discussão com uma atendente, proferiu as seguintes palavras: “ela queria me roubar. A negra
queria me roubar”. Em outro caso, uma universitária da PUC-RS publicou no
twitter: “Acabei de quase ser atropelada por um casal de negros.
Depois vocês falam que é racismo né, mas TINHA QUE SER, né? E estavam num carro
importado, certo que é roubado”.
Recentemente, com a missão de apurar o racismo no Brasil,
o senegalês Doudou Diène, relator especial da Comissão de Direitos Humanos da
ONU para as Formas Contemporâneas de Racismo e Discriminação ficou assustado
com o que ouviu no país. Diène disse que o preconceito é cada
vez maior em muitos países e que no Brasil ele está profundamente arraigado em
toda a sociedade.
Infelizmente, em pleno século XXI, os negros
ainda vivem na senzala, só que na moderna senzala brasileira. A sociedade finge
não ser racista, a maioria finge que acredita e todo mundo vive como se nada
tivesse acontecido. Quando uns não suportam usar mais a máscara, exalam todo o
seu ódio racial pelos poros tão sujos quanto a sua própria mente vazia.
Texto: Luciano Campello
https://www.facebook.com/luciano.lulla