Carolina Maria de Jesus (Sacramento, 14 de março de 1914 — São Paulo, 13 de fevereiro de 1977) foi uma escritora brasileira.
Ex-catadora de papel, Carolina foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas ao escrever uma matéria sobre a expansão
da favela do Canindé. Com pouca escolaridade, favelada, mulher, negra e
pobre, Carolina fez das obras um meio de denúncia sócio-política.
A obra mais conhecida, que teve tiragem inicial de dez mil exemplares
(esgotados na primeira semana), e traduzida em 13 idiomas, é Quarto de
Despejo, publicada em 1960. Também escreveu Casa de Alvenaria (1961),
Pedaços de Fome (1963), Provérbios (1963) e Diário de Bitita (1982,
póstumo).
Carolina Maria de Jesus nasceu a 14 de Março de 1914 em Sacramento, estado de Minas Gerais, cidade onde viveu sua infância e
adolescência. Foi filha de negros que, provavelmente, migraram do
Desemboque para Sacramento quando da mudança da economia da extração de
ouro para as atividades agro-pecuárias.
Carolina foi mãe de
três filhos: João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice de
Jesus Lima. Faleceu em 13 de Fevereiro de 1977, com 62 anos de idade e
foi sepultada no Cemitério da Vila Cipó, cerca de 40 Km do centro de São
Paulo.
Quanto a sua escolaridade em Sacramento, provavelmente
foi matriculada em 1923, no Colégio Allan Kardec, primeiro Colégio
Espírita do Brasil, fundado em 31 de Janeiro de 1907, por Eurípedes
Barsanulfo. Nessa época, as crianças pobres da cidade eram mantidas no
Colégio através da ajuda de pessoas influentes. A benfeitora de Carolina
Maria de Jesus foi a senhora Maria Leite Monteiro de Barros, pessoa
para quem a mãe de Carolina trabalhava como lavadeira. No Colégio Allan
Kardec Carolina estudou pouco mais de dois anos. Toda sua educação
formal na leitura e escrita advêm deste pouco tempo de estudos.
Mesmo diante todas as mazelas, perdas e discriminações que sofreu em
Sacramento, por ser negra e pobre, Carolina revela através de sua
escritura a importância do testemunho como meio de denúncia
sócio-política de uma cultura hegemônica que exclui aqueles que lhe são
alteridade.
A obra mais conhecida, com tiragem inicial de dez
mil exemplares esgotados na primeira semana, e traduzida em 13 idiomas
nos últimos 35 anos é Quarto de Despejo. Essa obra resgata e delata uma
face da vida cultural brasileira quando do início da modernização da
cidade de São Paulo e da criação de suas favelas. Face cruel e perversa,
pouco conhecida e muito dissimulada, resultado do temor que as elites
vivenciam em tempos de perda de hegemonia. Sem necessidade de precisarem
as áreas de onde vem os perigos, a elite que resguarda hegemonias não
suaviza atos e conseqüências quando ameaçadas por "gente de fora"
(leia-se, "gente de baixo").
Essa literatura documentária de
contestação, tal como foi conhecida e nomeada pelo jornalismo de
denúncia dos anos 50-60, é hoje a literatura das vozes subalternas que
enunciam-se, a partir dos anos 70, pelos testemunhos narrativos
femininos.
Segundo pesquisas do professor Carlos Alberto
Cerchi, Quarto de Despejo inspirou diversas expressões artísticas como a
letra do samba "Quarto de Despejo" de B. Lobo; como o texto em debate
no livro "Eu te arrespondo Carolina" de Herculano Neves; como a
adaptação teatral de Edy Lima; como o filme realizada pela Televisão
Alemã, utilizando a própria Carolina de Jesus como protagonista do filme
"Despertar de um sonho" (ainda inédito no Brasil); e, finalmente, a
adaptação para a série "Caso Verdade" da Rede Globo de Televisão em
1983.
A obra de Carolina Maria de Jesus é um referencial importante para os Estudos Culturais, tanto no Brasil como no exterior.
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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
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