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sábado, 30 de abril de 2011

EXCETO QUANDO...


Os presídios estão lotados de pessoas boas, exceto quando são más.
Tem muito jovem inocente, exceto quando não estão vendendo drogas.
Tem muita mãe que ama o filho, exceto quando deixou de educá-lo
 e foi para o bar beber. Tem muito trabalhador, exceto quando o dinheiro fácil falou mais alto.
Na cadeia tem empresário, exceto quando esqueceu os valores e matou a mulher que dele havia separado.
Atrás das celas têm futuros advogados, exceto quando esqueceu as leis aprendidas e resolveu violá-las.
Também têm policiais trabalhando honestamente nas cadeias, exceto aqueles que se corromperam ao crime.
Tem muito pai preso, exceto quando deixou de ser pai para ser estuprador.
Enquanto isso, os políticos em Brasília, desfilam com seus carrões e esbanjam dinheiro, exceto quando não estão faturando milhões em obras superfaturadas. 

Poeta das ruas: Luciano Campello
 

sábado, 16 de abril de 2011

12 ANJOS

Os sonhos estavam apenas começando.
A escola, o melhor lugar para galgar passos mais longos.
Cada passo, cada palavra aprendida, cada aprovação valia todo o esforço.

O dia se iniciou bem, mas acabou mau.
A escola já não traz mais paz e segurança.
Agora, traz medo e desconfiança.

Tiros foram ouvidos, gritos assustavam.
As palavras que se ouviam não eram mais de português ou geografia,
eram de clemência.
Por favor! Moço, não me mate!

12 crianças morreram, 12 anjos no céu nasceram e
12 estrelas naquela noite apareceram.

Im memoriam as crianças vítimas do atirador na escola de Realengo: 
Luiza Paula, Karine Lorraine,
Larissa dos Santos, Rafael Pereira, Samira P. Ribeiro, 
Mariana Rocha, Ana Carolina, Bianca Rocha, Géssica Guedes, 
Laryssa S. Martins, Milena S. Nascimento, Igor Moraes.


Poeta das ruas: Luciano Campello

sexta-feira, 15 de abril de 2011

SETE

Deus criou o mundo em sete dias, o homem teve apenas sete horas para inventar e criar armas. O assassino gastou apenas sete segundos e com sete munições tirou várias vidas. Sete passos foram comemorados pelo tetraplégico que há anos busca se recuperar de um acidente que o deixou numa cadeira de rodas. Sete medalhas valeram o esforço dos atletas. Sete casas desceram morro abaixo depois do forte temporal. Apareceram mais sete políticos cheios de promessas que duraram o mesmo tempo que eles permaneceram falando com o povo. Sete acidentes na curva que faz o sete, sete mortes, sete vítimas descendo a sete palmos. Sete dias na semana, sete pessoas que não tem nada para fazer e mais uma vez sete acontecimentos transformam a vida de alguém.


Poeta das ruas: Luciano Campello

DAMA DA NOITE

Ela é bonita, usa um batom vermelho forte, roupas ousadas e as vezes é tímida. Naquela esquina se sente um pouco frustrada. Muitas pessoas passam e contemplam sua beleza e toda sua graça. Outras passam e não dão a mínima, falam mal e a xingam de tudo quanto é nome, principalmente as mulheres que sentem ciúmes dos seus maridos que passam por ela e o olhar malicioso não escondem.

A bolsa é sua companheira, ali carrega todos os instrumentos que afloram a sua beleza e outros objetos que usa na sua defesa. Um carro para, ela entra. Vai viver seu mundo. Ora prazeroso, ora doloroso. De volta a mesma esquina a espera de clientes. Uns a chamam de pirinha, outros de garota de programa, outros tantos de puta e os mais cavalheiros a chamam de dama.

Dama da noite... Muitos clientes nem todos legais. O dinheiro fácil esconde a tristeza. Veio do interior para ganhar a vida na cidade grande, só não pensava que seria dessa maneira. Agora, o que ela quer, é conseguir parar, comprar uma casa para sua mãe e voltar para o interior do ceará.


Poeta das ruas: Luciano Campello

Pequeno andarilho

Pequeno e já andarilho.
Fugiu da escola, da família, do cinto.
Revoltado diz não mais querer voltar.
Traumatizado, fez das ruas seu novo lar.
Futuro como muitos já traçado.
Revolta, drogas, crime, estatística para o estado.
Só queria ser feliz com a família,
não aguentou apanhar dia e noite, noite e dia.
Agora o pequeno andarilho segue a estrada,
os passos são curtos e longa a caminhada.



Poeta das ruas: Luciano Campello

CUIDADO

Prisão, revolta, dor. Sem liberdade cria ódio, rancor. 
Não vive, sobrevive. Não fala, escolhe as palavras. 
Cuidado, é preciso. Se confiar em alguém, corre risco, 
se não confiar pode estar perdido. 
O pensamento é o melhor aliado. 
Pega o lápis, pega a folha, começa a escrever. 
As palavras o libertam.
Uma folha se vai e outras tantas a dizer.



Poeta das ruas: Luciano Campello

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O FINANCIADOR

Pensou, falou, não agradou.
O rico faz passeata contra as drogas,
mas se esquece que ele é o principal financiador.
No pé do morro estaciona o carrão, o patrão chegou.
Atrás, outro carrão, agora do consumidor.
Corre... Polícia!
Preso, só o menino de bermuda e chinelo.
Enquanto isso,
o financiador vive tranquilo na alta sociedade fazendo discurso bonito e pedindo paz.


Poeta das ruas: Luciano Campello

O FOGO

Acendeu, tocou fogo, nem tudo está perdido. O fogo queimou o índio e aqueceu o mendigo. O usuário de drogas mete fogo na bomba e depois alucinado assalta, mata, no outro dia não se lembra de nada. O fogo alastrou pela favela, queimou mais de 100 barracos, várias famílias, agora, jogadas a própria sorte e dependendo do Estado. O fogo no cachimbo clareou os olhos do menino sem esperança usando crack no centro da Capital Federal. O fogo chegou perto, mas não atingiu o Congresso, era o fogo queimando as bandeiras dos sem terra que faziam protesto.  O fogo queimou o livro do menino que via neles a única saída para o seu futuro quase destruído. Políticos corruptos ascendem o fogo na lareira, comemoram vitória, desvio, milhões na carteira. Fogos de artifício, comemoração, final de campeonato, time campeão. Pega fogo na panela, hoje tem comida quentinha e pelo menos hoje, ninguém passa fome no barraco da dona Maria. O fogo mata e alivia. Destrói e trás vida. Aquece e apodrece, ele faz parte da vida.


Poeta das ruas: Luciano Campello

Caminho

Estrada de pedras,
Momentos decisivos.
Uns tropeçam e
Levantam sorrindo,
Outros não aguentam
E choram de dor.


Para seguir adiante
Não pode ter temor.
Os caminhos tortuosos
São inseguros, mas
Necessários para
O fortalecimento.


Como seguir sem se sangrar,
Sem se machucar.
É preciso atenção,
Calma e humildade para
Conseguir passar.


No caminho
Muitos vão cair,
Você precisar ajudá-los a levantar.
Não seja
Soberbo,
Ninguém vence sozinho.


Aos poucos,
A dura estrada vai ficando para trás,
As pedras
Vão se transformando em flores,
E novos caminhos são traçados.


Poeta das ruas: Luciano Campello